Um artista sueco causou ultraje ao alegar ter criado uma pintura usando cinzas que tirou de um forno no campo de concentração de Majdanek, na Polônia. Promotores poloneses disseram que iniciaram uma investigação. A pintura, exibida em uma galeria de arte sueca em dezembro, não está mais em exposição após protestos da comunidade judaica.
A pintura, chamada “Obras da Memória”, foi exposta por três semanas em novembro e dezembro em uma galeria em Lund, Suécia, mas foi removida após protestos da comunidade judaica local.
A agência de notícias “The Associated Press” relatou que os promotores da cidade de Lublin, no leste, estavam checando se foi verdadeira a declaração do artista, Carl Michael von Hausswolff, de que cinzas das vítimas foram usadas.
Hausswolff escreveu em uma declaração no site da Martin Bryder Gallery, onde a pintura estava exposta, que coletou as cinzas durante uma visita a Majdanek em 1989, e as misturou com água para pintar a obra. Ele disse não ter usado as cinzas inicialmente por serem “muito carregadas”, mas que em 2010 decidiu usá-las.
“As cinzas me seguem, sempre estavam lá (…) como se as cinzas contivessem energias ou memórias ou almas das pessoas (…) pessoas torturadas, atormentadas e assassinadas por outras pessoas em uma das guerras mais desumanas dos anos 1900”, ele escreveu na declaração.
A pequena pintura marrom e cinza parece retratar um grupo de pessoas juntas. A galeria se recusou a comentar o caso.
O uso das cinzas pode ser uma ofensa sujeita a punição na Polônia, onde a profanação de restos mortais e locais de sepultamento pode resultar em penas de até oito anos de prisão. As autoridades suecas se recusaram a investigar, porque o suposto delito foi cometido fora da Suécia.
Cerca de 80 mil prisioneiros, incluindo 60 mil judeus, foram assassinados em Majdanek, que foi aberto em 1941 e fechado em 1944. Uma porta-voz do museu no local disse à “AP” que ainda havia algumas cinzas humanas nos fornos de Majdanek em 1989.
Salomon Schulman, uma figura proeminente na comunidade judaica sueca, disse que a pintura de Von Hausswolff era “repulsiva ao extremo”, segundo o site de notícias “The Local”, de Estocolmo.
Tradutor: George El Khouri Andolfato
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