Contradições Emanadas da Ignorância

Jacob Dolinger

Dois israelenses voltaram-se contra dois brasileiros bem intencionados e queridos no Brasil e em Israel. Ofer Neiman e Yonatan Shapira criticaram Caetano Veloso e Gilberto Gil por não participarem do movimento que advoga bloqueio, desinvestimento e sanções contra Israel.

Os articulistas são mestres em confusão. Ocupação e apartheid não podem andar juntos. Eu só posso praticar apartheid contra cidadãos de meu Estado.

Os sauditas discriminam contra os cristãos que vivem em sua terra. Os egípcios discriminam contra os seguidores da religião Bahai que vivem no Egito. Dois exemplos de apartheid do presente.

Brasil elevou um negro e dois judeus ao Supremo Tribunal Federal. Sempre manteve competentes ministros de fé judaica.

O autor conclui que os dois articulistas nada sabem da história de Israel e pergunta: “Será que não sabem apreciar a arte de Gil e Caetano?”

Israel elevou um árabe à Suprema Corte, tem vários juízes árabes em outros tribunais e alguns embaixadores drusos, inclusive na sua importante embaixada em Brasília. Lembro que 13 árabes são membros do Parlamento israelense.

Brasil e Israel não praticam apartheid no seu judiciário, na sua estrutura política, no seu serviço diplomático, nos seus sistemas universitário, hospitalar e demais áreas de desenvolvimento e progresso.

Se Brasil fosse invadido por um vizinho (que isto jamais aconteça!) e na sua defesa acabasse ocupando áreas do território donde partiu a agressão, tomaria todas as providencias para evitar incursões terroristas do inimigo atacante, o que incluiria fiscalização das estradas, vigilância nas fronteiras e demais medidas para evitar novo conflito, e para impedir atentados suicidas. Isto seriam medidas de legítima defesa, sem nenhuma conotação ilegal como os adversários de Israel gostam de proclamar. Os articulistas além de não entenderem que ocupação e apartheid são dois fenômenos que não coincidem, também não compreendem que ocupação defensiva não é opressão.

Em 1967, Gamal Abdel Nasser fechou as vias marítimas que acessavam Israel, e avançou com seus exércitos, obtendo o apoio da Jordânia e da Síria. A ONU reconheceu que a “Guerra dos Seis Dias” foi provocada pelos árabes. Em 1996 o Líbano foi atacado por Israel em resposta a constantes ataques de fronteira.

Vaanunu não precisava confessar sua traição porque Israel dispunha de todas as provas necessárias para condená-lo. Daí absurda a acusação de prática de tortura. É sabido que o serviço secreto de Israel é o melhor do mundo e que a C.I.A. frequentemente recorre à colaboração dos israelenses.

O Centro de Dimona foi criado há 50 anos, pela visão e o esforço do Premio Nobel da Paz, Shimon Peres. Onde os articulistas viram “corrida armamentista perigosa e não convencional no Oriente Médio”? Israel jamais pronunciou uma palavra ameaçadora de caráter nuclear a seus inimigos, como praticado pelo Irã.

Os articulistas são dois israelenses que ignoram todos os fatos da história das quase sete décadas da existência de Israel. E sofrem de masoquismo politico.

Será que também não sabem avaliar a primorosa arte de Gil e Caetano?

Jacob Dolinger é ex-professor titular de Direito Internacional da UFRJ e atualmente reside em Israel 

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