A Escolha de Caetano

Estava em Tel Aviv e pude assistir ao magnifico show de Caetano & Gil. Agora entendo porque sentia algo no ar, o palco parecendo não combinar muito com a alegria e entusiasmo da plateia, como é norma. Não estavam à vontade, talvez não entendessem ou não quisessem exercem o poder catalizador dos grandes artistas de indicar o bom caminho.

Como relata o artista, Tel Aviv é mesmo assim, bonita, parecida com o nosso Brasil, por isso ele gosta de lá (fisicamente). Gaza e Beirute também são, assim como Damasco e Palmira também o eram.

Caetano diz que estudou o assunto. Se leu Herzl, ou algo sobre o Holocausto, o Mandato Britânico, Historia Judaica, talvez não tenha assimilado a complexa questão, até porque endossa alguém que se opôs violentamente à Guerra dos Seis Dias e, mais ainda, à invasão do Líbano.

Provavelmente a questão palestina já estaria resolvida hoje, caso estas guerras defensivas não tivessem sido travadas. Israel teria desaparecido, e seus habitantes jogados ao mar, como prometia Nasser, ao mandar embora as forças de paz da ONU.

Enfim, mediante seus estudos, digamos assim, o artista optou pelo posicionamento mais facilmente aceito em seu círculo. É o mesmo da parcela intolerante e majoritária da mídia e de certas correntes politicas. Entretanto, é a que mais combina com o anti-pacifismo, hostil não a Israel, mas aos judeus. Pois quando os soi-disant religiosos incitam a violência, se referem explicitamente aos judeus.

Os verdadeiros pacifistas se encontram dos dois lados. Tomando partido unilateralmente o artista incentiva mais ainda as divisões. Ele só ilumina com seus holofotes poderosos o que interessa a um dos lados. Esquece do sofrimento do outro. Simplifica as questões de maneira parcial. Por trás da imagem de uma criança que sofre, muito utilizadas na propaganda contra Israel, está o terror que faz acontecer coisas assim, e a guerra psicológica. É complicado argumentar contra a força midiática de imagens, inclusive de atritos rotineiros entre residentes e força de segurança. Pouco adianta explicar as causas, devido à complexidade e amplitude que uma resposta demandaria.

O artista deve conhecer bem tais causas, até porque revela ter estudado a questão. O mesmo podemos dizer até dos mais empedernidos inimigos de Israel. As respostas estão em todas as mídias impressas e eletrônicas, disponíveis nas redes sociais, apenas são ignoradas por questões puramente ideológicas, ou até por simples antissemitismo. O artista resolveu ignorar tudo isso, e escreveu apenas o que interessa a um dos lados. Seu artigo nem de longe presta um serviço à causa da paz, e se insere na sua aceitação da tese de que a Guerra dos 6 Dias era desnecessária, concordando assim que o problema não são os palestinos, mas sim a própria existência de Israel.

Pobres e sofredores se encontram por toda a Terra, mas uns só os enxergam seletivamente, em função do local onde vivem, da religião que professam, ao mesmo tempo em que fecham os olhos para os demais não incluídos no seu ideário. Não são olhares de tolerância e paz,

O artista diz que tem saudades de Tel Aviv, quase como da Bahia, e que não volta mais lá. Nós certamente continuaremos voltando tanto à Bahia quanto a Tel-Aviv, com todos os problemas que possam ter, pois a Boa Terra e a Terra Santa sempre serão uma luz entre as nações.

Por Israel Blajberg

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