Tish’a Be Av, o nono dia do mês judaico de Av, é um dia de profundo significado no calendário judaico, marcado por lamentos, memórias dolorosas e reflexões sobre tragédias históricas que afetaram o povo judeu ao longo dos séculos. Essa data é um momento de luto, reflexão e conexão com as raízes e a identidade judaica.
A origem do Tish’a Be Av remonta a eventos trágicos que marcaram profundamente a história do povo judeu. De acordo com a tradição, foi nesse dia que os espiões enviados por Moisés para explorar a Terra Prometida retornaram com um relatório negativo, levando à descrença e ao desespero do povo. Como consequência, D´us decretou que a geração que saiu do Egito não entraria na Terra Prometida, condenando-a a vagar pelo deserto por quarenta anos.
Outros acontecimentos trágicos registrados nesse mesmo dia foram:
• Destruição do Primeiro Templo: em 586 a.C., o Primeiro Templo de Jerusalém, construído pelo Rei Salomão, foi destruído pelos babilônios, liderados por Nabucodonosor II. Essa destruição resultou na diáspora do povo judeu, que foi levado para o exílio na Babilônia.
• Destruição do Segundo Templo: o Segundo Templo de Jerusalém, reconstruído após o retorno do exílio babilônico, foi destruído pelos romanos em 70 d.C., durante a revolta judaica contra o domínio romano. Essa destruição levou a um período de exílio e dispersão do povo judeu por dois mil anos.
• Queda de Beitar: em 135 d.C., a última fortaleza judaica em Israel, conhecida como Beitar, foi conquistada pelas legiões romanas comandadas por Adriano. Essa derrota resultou na morte de milhares de judeus e marcou o fim da última revolta judaica contra o domínio romano.
• Expulsão dos judeus da Espanha: em 1492, o Rei Fernando II de Aragão e a Rainha Isabel I de Castela emitiram o Decreto de Alhambra, que expulsou os judeus da Espanha. Isso resultou em uma diáspora significativa da comunidade judaica, que se espalhou por diversas regiões do mundo.
• Outros eventos trágicos: ao longo da história, muitos outros acontecimentos catastróficos e perseguições ocorreram no dia de Tish’a Be Av, contribuindo para a tristeza e o luto associados à data.
Durante o Tish’a Be Av, os judeus jejuam e participam de orações especiais que evocam a tristeza e o arrependimento. É costume ler o “Livro de Lamentações”, um poema que descreve a devastação de Jerusalém e a dor do exílio.
Em sinagogas ao redor do mundo, as luzes são apagadas ou diminuídas e as pessoas se sentam em sofás mais baixos, no chão ou em pufes, criando uma atmosfera de luto, consternação e recordação.
Neste Tish’a Be Av, os judeus se unem em pesar, mas também em esperança, à medida que olham para o futuro com determinação e fé. Que este dia de reflexão inspire a solidariedade e a busca por um mundo mais justo e harmonioso.
Que a lembrança dos fatos de nossa história milenar seja uma referência positiva para que todos reconheçam no diálogo e entendimento o melhor caminho para a convivência respeitosa, neste momento tão significativo para a identidade judaica do povo de Israel e o equilíbrio do mundo.
B’nai B´rith do Brasil
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