Passividade dos Judeus na Segunda Guerra é um mito (Folha de São Paulo)

Artigo do Professor de História da UERJ, Marcelo Rossi, dos quais extraímos alguns trechos.

Rossi analisa fatos que dificultam ou praticamente impediam a resistência dos judeus durante o Holocausto, que, no entanto, existiu, mesmo nas condições absurdas impostas pelo nazismo.

Mostra que não havia uma unidade nacional entre os judeus, divididos por vários países, tendo em comum: costumes, tradições e em alguns casos, o idioma. “Tratar os milhões de judeus que sofreram as atrocidades do nazismo como uma unidade de pensamento e ação é surreal”, diz ele.

Eram pessoas que até o Holocausto viviam normalmente. “Pessoas que, até pouco antes do Holocausto, buscavam viver como qualquer um dos “nacionais” vizinhos, amigos, parentes, e que repentinamente tiveram seu mundo destruído, suas verdades negadas, suas certezas dizimadas.”

Do nada, se tornaram um “erro”. “Como se vive em um mundo sem direitos? Um mundo em que você simplesmente é o erro. Você é o errado, mesmo sem nada de errado ter sido cometido por você? Se basear no quê? Não se tratava de corrigir ações ou pensamentos … não se tratava de passar a adotar novos princípios ou práticas … nada do que se fizesse, nada do que se mudasse, nada do que se tentasse poderia corrigir o “erro” de se ter nascido judeu em um período de nacionalismos exaltados em muitas partes do mundo”.

O nacionalismo está na contramão do Humanismo. “Patriotismo está contramão de uma universalização humana e, conforme a História registrou, pode ser facilmente manipulado por governos que só enxergam a guerra como o único caminho.”

“Tudo o que escrevi aqui deveria ainda ser multiplicado por 100, se colocarmos no outro prato da balança, o que foi o Nazismo.”

“E aí reside a grande contemporaneidade do tema. E aí reside a importância de centros de estudo como o que estamos fazendo. O Nazismo foi o extremo, mas manipulações do nacionalismo ou um patriotismo exaltado pode gerar segregações parecidas, reações etnocêntricas exaltadas, ações da maioria extremadas contra as minorias. O Holocausto será sempre estudado como o “fundo do poço” da humanidade, mas isso significa que outros grupos humanos que, embora ainda não estejam vivendo o “fundo do poço” (e certamente rezemos para que jamais vivam tal situação), não estejam literalmente fora dele.”

Marcelo Rossi – Um dos 30 participantes da segunda turma do Grupo de Estudos do Holocausto 2015. Professor de História com Licenciatura e Bacharelado em História pela UERJ.

Pós-graduação em Historia das Relações Internacionais (Latu Senso) pela UERJ.

http://nosso.jor.br/bnai-brith-rio-58

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