Homenagem às mulheres que lutaram contra o nazismo

Por Maria Luiza Tucci Carneiro

IN MEMORIAM ÀS MULHERES EXTERMINADAS PELOS NAZISTAS; IN MEMORIAM AQUELAS QUE LUTARAM NA RESISTÊNCIA:  hoje é um dia especial dedicado as mulheres. É também um momento importante para uma oração, reflexão ou muitos minutos de silêncio, como quiserem. Importante lembrar que milhões de mulheres (judias e não judias) foram perseguidas e assassinadas pelos nazistas e colaboracionistas durante o Holocausto. Milhares não conseguiram ver seus filhos crescerem ou, então, sequer chegaram a se tornar mãe ou uma mulher-adulta. Milhares de mulheres não tiveram a oportunidade de acariciar seus filhos, netos e bisnetos.

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Entre 1933-1945, na cidade ou no campo, nos guetos e nos campos de concentração, as mulheres estavam particularmente vulneráveis a espancamentos e estupros praticados pelos nazistas e cidadãos colaboracionistas. Judias e não judias, grávidas ou com crianças pequenas foram arrancadas de seus lares e levadas para os campos de extermínio, sendo incluídas nos primeiros grupos a serem executados nas câmaras de gás. Não correspondiam ao “modelo ideal de mulher” para procriarem filhos arianos, da “raça” dita superior.

Não foi por acaso, tenho certeza disso. Em maio de 1939, as SS inauguraram Ravensbrück, o maior campo de concentração destinado para abrigar mulheres. Neste espaço da exclusão e de trabalho forçado, as mulheres (de qualquer idade) perdiam seus cabelos, seus nomes, seus filhos e o direito de procriarem. As grávidas tentavam esconder a gravidez ou eram forçadas a submeter-se a abortos. Por ocasião da libertação deste campo em 1945 pelas tropas soviéticas, mais de 100.000 mulheres ali estavam encarceradas. Enquanto isso, médicos alemães usavam as judias e as ciganas como cobaias em experimentos de esterilização. Mesmo assim, elas souberam transformar suas dores, perdas e tristezas em força e coragem.

Milhares de mulheres não conseguiram escapar do extermínio nas câmaras de gás, mas certamente acolheram muitas crianças amedrontadas em seus braços, minutos antes da morte anunciada.

Sussurraram canções de ninar …

VALE LEMBRAR que, na contramão do nazismo, milhares de mulheres estiveram engajadas nos movimentos de resistência como partisans, comunistas, sionistas, estudantes “rebeldes”, jornalistas, escritoras, artistas ou como líderes dentro dos campos de concentração. Em outubro de 1944, cinco prisioneiras judias forneceram a pólvora usada para a explosão de uma câmara de gás e assassinato de diversos homens das SS durante uma revolta no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau. No Brasil, centenas de mulheres austríacas, alemãs e francesas ingressaram nos movimentos em prol da Alemanha, da Áustria e da França livres do nazismo. Outras – muitas das quais ainda são anônimas da História, por falta de registros – ajudaram a salvar judeus, escondendo-os em porões e sótãos, compartilhando um pedaço de pão, um agasalho ou ajudando-os a conseguir vistos ou passaportes falsos para emigrar.

Lembro aqui os nomes de Aracy Moebius de Carvalho e Mathilde Maier, autora do livro Jardins da minha vida.

TESTEMUNHOS:  a equipe do ARQSHOAH continua gravando os testemunhos de sobreviventes (mulheres judias e não judias) que, a partir de 1933, foram perseguidas pelos nazistas e colaboracionistas.

Como sobreviventes dos guetos, dos campos de concentração ou como refugiadas do nazismo no Brasil, conseguiram sobreviver ao antissemitismo e ao plano de extermínio perpetrado pela Alemanha nazistas e países colaboracionistas. Não vamos deixar que estas histórias de vida caiam no silêncio. Este é um legado a ser preservado enquanto protesto, in memoriam aos milhões de mulheres exterminadas, assassinadas, estupradas e humilhadas desde o nazismo aos dias atuais.

Nossos sites: www.arqshoah.com.br e www.usp.br/leer

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