A arte de perdoar

Yom Kipur 13/14 de setembro de 2013 – 09/10 de Tishri 5774

Véspera, sexta-feira à noite – Celebração  de Kol Nidrei.

Jejum de 25 horas.

 

 Este é o dia mais sagrado do calendário judaico,  o “Shabat, Shabaton”, quando em profunda reflexão e reza, esperamos ser selada a nossa inscrição pela vida neste ano recém iniciado.

Nesse dia pedimos perdão por  nossas falhas,  por nossos erros voluntários ou involuntários. “Vajõmer Adonai: “Solachti kidvarêcha“.  E o Eterno disse: ”Perdoei de acordo com as tuas palavras”.

No período entre Rosh Hashaná e Yom Kipur devemos pedir perdão às pessoas que magoamos ou de alguma forma ofendemos. Este gesto de perdoar é de suma importância.  A arte de perdoar parece das mais difíceis.

Neste dia me pergunto por que é tão complexo perdoar? Não significa esquecer ou abandonar os sentimentos pelo passado sonhado de tão complicado alcance.

Temos por hábito denominar os costumes da natureza, das escolhas, das opções. Mas tudo tem solução positiva se buscarmos o convívio nos lares em harmonia.

A força das vontades muitas vezes atravessa muros que nos parecem intransponível. Simbolizam a irmandade tão necessária ao mundo em que convivemos.

Isto tudo se aplica também ao campo internacional. Vejamos o nosso Estado de Israel, combatido pelo mundo afora, mais pelos sucessos alcançados, no meio do deserto nesta conturbada região. Rodeado pelo ódio dos vizinhos, é constantemente ameaçado pelo terrorismo sem nexo.

Todos os benefícios do progresso da globalização pela comunicação e de entendimento sempre pretendem ser construtivos. Precisamos de muita fé e esperança, de dias mais calmos pelo entendimento, por uma paz tão sonhada.

Perdoar significa olhar para o passado, evitando erros de repetição e sempre recomeçar de novo. É uma abençoada contribuição de nossa Bíblia histórica,  da Torá, neste contexto da humanidade.

Uma das questões mais difíceis é a de perdoar pelo que a nos foi feito no Holocausto – a Shoah. Este é justamente um assunto que jamais pode cair no esquecimento,  para que qualquer tendência à repetição possa ser evitada por todos os meios possíveis.

AL CHET- ”Veal culam, Eloha selichót, selach lánu, mechal lánu, câper lanú.”.  “Por tudo isto, ó D’s misericordioso, perdoa-nos, absolve-nos, expia por nós.” “Rezaremos com fé e esperança”.

Que sejamos inscritos e abençoados, CHATIMÁ TOVÁ, para um ano de tranquilidade de espírito, pelo nosso bem estar.

Em Shalom,

Ernesto Strauss – Diretor de Cultura Judaica da B’nai B’rith Brasil.

 

O 11 de Setembro e a Cultura de Paz

Quando as Torres Gêmeas caíram o mundo entrou em convulsão e numa tensão sem precedentes.

Estávamos no início do Movimento de Cultura de Paz.

Sob o impacto do 11 de setembro, o deputado Walter Feldman, presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) e Lia Diskin, da Palas Athena, sensibilizaram diversas organizações para criar o ConPAZ – Conselho Parlamentar por uma Cultura de Paz, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

A primeira iniciativa de cultura de paz na área política no Brasil serviu de exemplo para muitos estados e países. Composto por 36 entidades da sociedade civil, deveria contar com 12 deputados em cada legislatura e tinha sua  base teórica nos pontos da Década de Cultura de Paz da ONU.

“Reuniões inesquecíveis de transformações aconteceram em todos nós. Começamos a aprender a trabalhar com o Parlamento, num governo que não é parlamentarista. Fizemos o possível e o impossível para disseminar na ALESP a Cultura de Paz, como estagiários da área política”, relata Paullo Santos, do Instituto Roerich da Paz e Cultura do Brasil.

Nas reuniões de trabalho do ConPAZ aprendemos, não sem muitos debates, a atuar juntos, respeitando as diferenças.

No campo inter-religioso criamos um grupo que se reunia cada vez  no templo ou na sede de uma tradição diferente, aprendendo assim in locco como  se dá a prática de cada religião. Realizamos diversos Retiros Inter-religiosos, em uma convivência fraterna e harmoniosa.

Os membros do ConPAZ assistiram a um bar-mitzvá e ao serviço matutino de shabat na Congregação Israelita Paulista (CIP). Várias reuniões aconteceram também na B’nai B´rith. Edgar Lagus, vice-presidente da entidade (Região Centro-Sul) integra o Comitê Executivo do ConPAZ e Lia Bergmann é membro do Conselho.

Só para citar um exemplo dos desdobramentos do ConPAZ, passamos noites em vigília na sede dos Bahaí´s em São Paulo cada vez que o governo iraniano ameaçava matar membros desta comunidade presos apenas por professar a sua fé, algo que para nós judeus é sobejamente conhecido. Eles nos apoiaram nas manifestações contra a vinda do presidente Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil.

O 11 de setembro teve como consequência o estímulo a muitas ações de cultura de paz em todo o mundo.

Inúmeras iniciativas e influências foram criadas a partir das pessoas que se reuniram ao longo destes doze anos em torno do ConPAZ.

Assim, para mim, por mais paradoxal que possa parecer o 11 de setembro trouxe uma oportunidade ímpar de aprendizado e uma importante lição de vida, a de que é possível construir juntos na diversidade.

 

Lia Bergmann – Assessora de Direitos Humanos e Comunicações da B’nai B’rith Brasil

 

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