UNICAMP, 3 de abril de 2023 – UM EVENTO QUE NÃO DEVERIA ACONTECER

Assistimos, estarrecidos, à violência e à truculência por meio da qual a Exposição das Universidades Israelenses foi impedida de acontecer na Unicamp.

Assunto largamente noticiado e do conhecimento de todos, é desnecessário descrever, mais uma vez, os fatos ocorridos.

No entanto, a B’nai B’rith entende que é preciso vir a público não só para repudiar firmemente essa truculência e violência como para tecer as seguintes considerações:

1. A exposição é uma atividade tradicional, perfeitamente legitima e legal, com grande importância para o desenvolvimento educacional, cultural e científico de todos os envolvidos – particularmente dos estudantes, de todas as origens, que almejam conhecer e estudar em Israel, um dos mais importantes polos mundiais em diversas áreas do conhecimento. Tinha o evento a autorização e o apoio da Unicamp;

2. Já tinha havido, com antecedência, iniciativa de entidades políticas que atendem interesses diversos dos interesses brasileiros solicitando o cancelamento, por parte da UNICAMP, da exposição. Os motivos alegados buscavam importar para o ambiente universitário brasileiro questões de natureza não educacional nem cientifica, mas decorrentes dos embates políticos conflituosos do Oriente Médio, buscando instrumentalizar a universidade;

3. Com muita propriedade, a administração da UNICAMP respondeu detalhadamente às questões levantadas e, estritamente dentro de suas prerrogativas legais, manteve a exposição. Reiteramos: explicou o porquê era de interesse da universidade manter a referida exposição;

4. E, para surpresa de toda a sociedade e da comunidade acadêmica, as referidas entidades impediram a realização da mostra “manu militari”, à força, com a violência e a truculência que todos vimos;

5. Com esta atitude, evidenciaram ao que vieram; demonstraram profundo desrespeito às leis brasileiras, seu evidente caráter antidemocrático e contrário aos ideais de paz, de respeito aos Direitos Humanos e de convivência harmoniosa entre todos os povos. Demonstraram que vieram para propagar a violência como forma de impor sua vontade e para importar conflitos alienígenas para o seio da sociedade brasileira;

6. Sabemos que vivemos numa época em que muitas vezes narrativas se sobrepõem aos fatos, por mais evidentes que esses estejam. Cada um de nós tem que fazer um esforço para não se perder num cipoal de narrativas elaboradas para “ganhar a cabeça” do próximo. Mas o que chama muito a atenção é que parcela dos estudantes da UNICAMP, em princípio pessoas que deveriam se distinguir pelo espírito crítico e pela capacidade de vislumbrar os fatos, deixaram-se seduzir por narrativas falaciosas, deixaram-se instrumentalizar;

7. Quanto à alegação de que as universidades da mostra praticam “apartheid”, esta alegação não resiste a uma análise preliminar. Na universidade israelense o respeito aos Direitos Humanos é um princípio fundamental. Cada membro da universidade tem sua individualidade e identidade respeitadas. São universidades inclusivas em todos os aspectos, notadamente quanto às questões de gênero e de raça, únicas e pioneiras quanto a este aspecto no Oriente Médio. As jovens árabes, palestinas inclusive, lá encontram a liberdade e o ambiente que lhes permite desenvolverem-se sob todos os aspectos – desenvolvimento humano que lhes é negado em outros ambientes. Será que é este fator inclusivo que motiva este boicote? Como assim “apartheid”? Estas alegações caem no ridículo após a verificação do que ocorre na realidade.

A B’nai B’rith conclama, portanto, a sociedade brasileira e a comunidade universitária a ponderar sobre o ocorrido e, após a análise e a reflexão necessária, rejeitar firmemente a truculência e a violência como instrumento de atuação política na nossa sociedade.

Igualmente conclama para que impeçamos que conflitos alienígenas venham a perturbar a convivência pacífica e harmoniosa que sempre houve no Brasil entre as pessoas das mais diversas origens.

E, finalmente, conclama nossa juventude universitária para que exerça seu espírito crítico, sua capacidade de pesquisa, reflexão e análise e que não permita que narrativas falaciosas se imponham como verdade acima dos fatos.

Que não permita que lhe instrumentalizem em favor de interesses ilegítimos e facciosos, interesses estes sem sentido na realidade universitária e na sociedade brasileira – e, principalmente, que jamais usem, ou que permitam que se use, a truculência e a violência como instrumento de debate político

B’nai B’rith do Brasil

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