O Dilema do Terrorismo

Nestes dias conturbados temos que gritar Je suis Paris, Je suis Israel, Je suis Mali, Je suis Beirute, Je suis Estados Unidos, Je suis London.
Somos todos atacados pela perversidade do terrorismo. Sentimo-nos tolhidos no mais essencial de nossos direitos humanos, a liberdade de ir e vir. Porque nos falta a segurança básica de poder viver sem medo que a violência nos ataque.

A verdade é que choramos mais por Paris, porque a cidade representa o ideal do mundo ocidental, preconizando a liberté, egalité et fraternité, ou seja a liberdade, a igualdade e a fraternidade.

Paris é a epítome do mundo livre e moderno, onde a o joie de vivre é percebido em suas ruas, bares, museus, galerias de arte e monumentos. Mas qualquer morte ou agressão provocada por um ato de terror nos deixa perplexos.

Como deter esta onda de terrorismo provocada pelo Estado Islâmico ou o Hamas ou o Taleban?
Antes de tudo, devemos unir todos os países através de uma cooperação de seus serviços de inteligência, no intuito de compartilhar informações que permitam desmantelar células infiltradas nos países que ponham em risco a segurança dos mesmos. Temos que prever e detectar estes lobos solitários e os grupos organizados antes que possam nos atacar.

Mas o problema do extremismo é que ele nos ataca também de uma forma mais subliminar. O terrorismo fortalece a voz de agentes políticos fascistóides que ganham espaço apregoando soluções extremas, como fechar as fronteiras de forma definitiva, ou como qualificar todo e qualquer muçulmano como potencial terrorista. É um momento em que a extrema direita floresce e cujo perigo é estabelecer regimes xenófobos em estados onde vivenciamos um grau de liberdade para todos. Nós, como judeus sabemos que a extrema direita é enfim uma forma de antissemitismo e mais uma forma de extremismo por si só.

Como então diminuir a capacidade destes terroristas?

De imediato, temos que juntar forças em uma coalizão que ataque de forma eficiente o ISIS, para que eles não tenham mais recursos financeiros advindos do petróleo contrabandeado e dos sequestros. Temos que fragilizá-los em seu próprio território, através de ataques militares por via aérea e pelo envio de tropas terrestres que nos permita aniquilá-los.

Entretanto, devemos criar condições para que lideranças locais legítimas dos estados mais afetados pela guerra, como o Iraque e a Síria, aflorem para que pacifiquem a região e criem lá uma sociedade mais justa, propiciando assim uma estabilização de seus povos.

Se não houver motivos, ninguém quer sair de sua terra natal.

Quanto mais estáveis estejam os países dilacerados pela guerra, mais fácil será controlar a crise dos refugiados e o perigo que jihadistas se infiltrem entre os refugiados legítimos.
Historicamente, já tivemos sucesso em invadir países dominados por facínoras, mas não tivemos a capacidade de garantir líderes no vácuo do poder que criamos.

Estamos num momento confuso, onde a dor e a raiva nos toma em consequência dos atos abjetos que os extremistas perpetram contra inocentes.

Mas não podemos nos deixar atormentar por tais sentimentos. Eles só estimulam ações impensadas.

Devemos ter a clareza e a inteligência de pensar em soluções criativas para uma crise mundial tão disseminada e perigosa.

No rastro da Festa das luzes, Chanucá, devemos eliminar a obscuridade e nos empenhar em fazer destas luzes uma realidade permanente em nosso planeta e dentro de nós.

Floriano Pesaro para Tribuna Judaica
Secretário Estadual de Desenvolvimento Social
Deputado Federal

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