Heróis Brasileiros Judeus de Monte Castelo – 21 de fevereiro de 1945

Nossos bravos pracinhas, de um pais pacífico e ainda rural, em meio a neve de um rigoroso inverno dos Apeninos enfrentavam inimigo experiente e conhecedor do terreno. Venceram os nazistas, entrincheirados no alto do Monte Castello, a vantagem clássica da altura descrita nos manuais militares.

A cada 21 de fevereiro lembramos o sacrificio dos soldados do Brasil, a melhor homenagem que eles poderiam receber: a recordação da sua luta. Dentre os 25 mil soldados da FEB, lembramos aqui alguns de origem judaica, que combateram em Monte Castello, cujas historias são muito pouco conhecidas. É o nosso dever de memória.

Humberto Gerardo Moretzsohn Brandi, cursou o CPOR. Era descendente de David Moretzsohn Campista (1863-1911), o Ministro da Fazenda que foi combatido e acabou não se candidatando a Presidente da Republica por ser judeu. Tem uma rua em Botafogo leva o seu nome.

O Tenente Brandi comandou a primeira tropa brasileira e aliada a ocupar e instalar-se na crista do Monte Castello, o 2º. Pelotão da 3ª. Companhia do 1º. Regimento de Infantaria – o histórico e glorioso Regimento Sampaio.

Os irmãos Tenentes Alberto e Moyses Chahon subiram o Monte Castello integrando o Regimento Sampaio. Reformado como General de Divisão, o 1º. Tenente Moyses Chahon foi um dos pouquíssimos brasileiros a receber a “Silver Star” do Quinto Exército Norte-americano. Ferido em combate, recebeu também a Medalha Sangue do Brasil, a Cruz de Combate de 2ª. Classe, e uma Citação de Combate do General Mascarenhas de Moraes, Comandante da FEB, expedida aos 23 de fevereiro de 1945:

“A combatividade, o espírito de sacrifício, a decisão inquebrantável, a elevada compreensão que tem da honra militar, a capacidade de comando reveladas pelo Ten Chahon, são exemplos dignificantes que desejo por em relevo, para os brasileiros que combatem na Itália.”

Tenente Coronel Waldemar Levy Cardoso, futuro Marechal, comandou um Grupo de Artilharia em Monte Castello. Recebeu a- Cruz de Combate de 2ª. Classe e a Bronze Star do Quinto Exército Norte-americano.

Ten R/2 de Infantaria Salomão Malina, do 11º. Regimento de Infantaria, atual 11º. Batalhão de Infantaria de Montanha, comandou o Pelotão de Desminagem. As minas alemãs causaram muitas vítimas, entre mortos e mutilados. Em atividade extremamente perigosa, detectando e desativando artefatos e armadilhas, Malina e seus comandados contribuíram para evitar maior perda de preciosas vidas brasileiras. Em reconhecimento, o Presidente da Republica outorgou-lhe a Cruz de Combate de 1ª. Classe, medalha com a qual apenas poucos integrantes da FEB foram agraciados, por atos individuais de bravura. Em extensa citação no diploma, Malina é louvado

“ … pela coragem com que comandou seu pelotão, abrindo caminho para a passagem da Infantaria no eixo de ataque através de terreno minado, sob pesado fogo da artilharia e de morteiros alemães, durante o avanço do Regimento.”

Tenente de Artilharia Salli Szajnferber, foi Comandante de Linha de Fogo – CLF, e Observador Avançado da Artilharia. Somente a sua bateria disparou 3.700 tiros de obus 105 mm sobre Monte Castelo. Recebeu a Cruz de Combate de 1ª. Classe.

Capitão Samuel Kicis, filho de imigrantes judeus da Bessarábia (hoje Moldávia), nasceu em 1913 na cidade do Rio de Janeiro e concluiu o Curso de Artilharia da Escola Militar do Realengo em 1934. Embarcou para a Itália em 19 de setembro de 1944, onde comandou a 2ª Bateria do IV Grupo de Obuses 155mm, com 200 homens e o maior poder de fogo com que contava a Artilharia Divisionária da FEB. Exerceu a função de Observador Avançado em Torre di Nerone e no bem-sucedido ataque a Monte Castelo. Foi condecorado com a Cruz de Combate de 2ª Classe, falecendo no Rio de Janeiro em 1984, aos 71 anos, no posto de General-de-Divisão.

Boris Schnaiderman, Professor, ensaista, Jornalista e Escritor consagrado, tradutor, ensaísta e maior autoridade em literatura russa no Brasil, nascido em Uman na Ucrânia justamente em 1917, ano da Revolução de Outubro. Em 1960 foi o primeiro professor do Curso de Língua e Literatura Russa da USP.

Carlos Scliar nasceu em Santa Maria da Boca do Monte aos 21 de junho de 1920. Foi um dos grandes mestres brasileiros da gravura e da pintura. Scliar faleceu em 28 de abril de 2001 no Rio de Janeiro, onde foi cremado, e as cinzas, atendendo a seu pedido, lançadas no mar de Cabo Frio, onde foi criado o Instituto Cultural Carlos Scliar para administrar a casa-museu, aberta ao público em 2003. Em 2011 o Instituto Municipal do Patrimônio Cultural (PMCF) tombou o acervo e a Casa Ateliê na qual Scliar morou ao longo de 40 anos.

Jacob Gorender, escritor, jornalista e historiador, nasceu em 20 de janeiro de 1923, em Salvador, Gorender foi do 1°. Regimento de Infantaria, o Regimento Sampaio, da Vila Militar, Rio de Janeiro, onde integrou o Pelotão de Transmissões, participando das batalhas da Tomada de Monte Castelo, Montese, Campanha dos Apeninos e a ofensiva até Piacenza.

Sua obra mais conhecida era “Combate nas Trevas”, um clássico sobre a historia da esquerda durante o Regime de 1964 – “Esquerda Brasileira: das Ilusões Perdidas à Luta Armada”..

Israel Blajberg – iblajberg@poli.ufrj.br

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