Tish´á B´Av: o que podemos aprender da data?

A data de 9 do mês de Av nos lembra momentos trágicos e muito marcantes de nossa milenar história.

Cinco importantes eventos podemos recordar. A citar:

1- A destruição do nosso Primeiro Templo, construído pelo Rei Salomão em Jerusalém no monte Moriá, em 526 aC pelos Babilônios comandados por Nabucodonosor, que levou grande parte de nossos ancestrais a um exílio como escravos, afetando a nossa espiritualidade e modo de vida. Pudemos retornar à nossa terra e, autorizados pelo Rei Ciro da Pérsia, em 70 anos, 516 aC, reconstruímos o Sagrado Templo.

2- Os romanos, comandados pelo General Tito, após meses de cerco e abertura da brecha para conquistar Jerusalém, no ano 70 dC, ao sufocar mais uma revolta judaica, destroem o Segundo Templo e forçam, novamente, os judeus a um exílio de mais de 2000 anos com graves consequências para o nosso povo.

3- A destruição da cidade de Beitar, em 135 dC, durante a revolta de Bar Kochba contra os romanos, resultando na morte de milhares de judeus.

4- Muitas gerações depois, no ano de 1290, em Tish´á B’Av, a Inglaterra expulsou todos os seus judeus.

5- Em 1492, a rainha Isabel de Castela e seu marido, Fernão de Aragão, ordenaram a expulsão de todos os judeus da Espanha. Assinaram o edito de expulsão em 31 de março de 1492, dando aos judeus exatamente quatro meses para abandonar o país. A data judaica da partida de nosso povo da Espanha foi 9 de Av, dando início à Inquisição, o mais longo e trágico momento histórico religioso, que durou até o século XIX, forçando, mais uma vez, uma grande diáspora de nosso povo.

O que cabe, além de relembrarmos todos estes atos históricos e os seus sofrimentos, é de nos perguntar o que nos teria acontecido se o Templo não tivesse sido destruído e, portanto, não forçados a um exílio.

Certamente, milhões de nosso povo não teriam sido prejudicados e mortos pelo simples fato de sermos o que somos: JUDEUS, lembrando o inesquecível Holocausto do século passado.

A falta de uma terra, o Estado de Israel, com a nossa identidade e um exército capaz de nos proteger, nos levou a demonstrar, de um lado, a nossa resiliência e capacidade em encontrar caminhos novos, mantendo a nossa identidade e tradições, consagrando as sinagogas e as escolas e, de outro, quanto ao ser humano, com as suas diferentes formas religiosas e de governo, o fato de ainda precisas aprender e reconhecer o valor da convivência harmoniosa e respeitosa na diversidade humana.

Estamos, hoje, neste fatídico ano de 2020; 5780 do calendário judaico, vivendo um exemplar momento onde todos somos expostos, de forma igualitária, à pandemia provocada pela mutação do Coronavírus, conhecido como COVID-19. Somos fortemente recomendados a mudar de hábitos, de procedimentos, em formas de se relacionar, de comercializar, de se movimentar e, enfim, de viver.

E isto, independe de nossa origem, crença, etnia, preferência religiosa, política ou social. Neste momento histórico, nos sentimos todos IGUAIS.
Saberemos, sem dúvida, com a tecnologia e conhecimento que desenvolvemos, superar mais este desafio.

Mas, pergunto: O QUE APRENDEREMOS?

Cabe a cada um de nós, na reflexão que Tish´á B’av de 5780 nos remete, a conseguirmos responder a esta pergunta.

Abraham Goldstein
Presidente da B´nai B´rith do Brasil

 

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