Rodrigo Constantino critica esquerda: abolir o Estado de Israel?

Por trás de muitos títulos acadêmicos, jaz um antissemita abjeto.
Por trás de muitos títulos acadêmicos, jaz um antissemita abjeto.

O anti-sionismo atualmente mascara o velho antissemitismo, mas ainda engana muita gente. Os críticos não seriam contra os judeus em si, “apenas” contra o Estado de Israel. O que fazer com os quase 8 milhões de judeus que lá vivem em um regime democrático parece um detalhe bobo que não entra nas reflexões desses “ungidos”. Ou, se entra, é ainda pior: pois desnuda suas reais intenções genocidas.

Foi o caso de um artigo do “respeitado” pensador de esquerda Boaventura de Souza Santos, que a Carta Capital divulgou. É um espanto! Vale notar que não estamos falando de um qualquer. Eis o currículo do homem:

É doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick. É também diretor do Centro de Estudos Sociais e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa – ambos da Universidade de Coimbra. Foi fundador e diretor do Centro de documentação 25 de Abril entre 1985 e 2011.

Portanto, o sujeito tem as credenciais acadêmicas, bem ao gosto da esquerda que adora apelar à autoridade em vez de focar nos argumentos. Como faço justamente o contrário, vamos aos argumentos, ou ao que parecem seus argumentos. Ele começa logo fazendo uma pergunta absurda e dando uma resposta ainda mais absurda:

Podem simples cidadãos de todo o mundo organizar-se para propor em todas as instâncias de jurisdição universal possíveis uma ação popular contra o Estado de Israel no sentido de ser declarada a sua extinção, enquanto Estado judaico, não apenas por ao longo da sua existência ter cometido reiteradamente crimes contra a humanidade, mas sobretudo por a sua própria constituição, enquanto Estado judaico, constituir um crime contra a humanidade? Podem.

Ou seja, para Boaventura, Israel não tem o direito de existir, pois é um “crime contra a humanidade”. Vários países foram criados por decisões arbitrárias e nem por isso são alvos do ódio da esquerda. Mas Israel é criminoso em si, e não tem direito de existir. Para o doutor, Israel roubou as terras dos palestinos, o que é simplesmente falso. Muitas foram compradas, os judeus já vivem ali há séculos, não havia nada como um povo ou uma nação Palestina ali antes, e o avanço territorial se deu como reação aos ataques que Israel sofreu de seus inimigos, que desejavam, como Boaventura, sua destruição.

Mas Boaventura enxerga apenas “colonização”. Ora, Portugal colonizou de fato o Brasil. Vamos abolir o Estado Brasileiro então, para “libertar” o povo indígena? A esquerda quer defender isso? Tantos países são ex-colônias, mas não vemos ninguém pedindo sua abolição por aí. A esquerda quer abolir a Austrália? Um peso, duas medidas, deixando claro que o alvo é apenas Israel, e que isso não tem nada a ver com colonização, retórica enganosa que serve apenas para alimentar o ódio contra os judeus.

Diz o sociólogo, citando outro escritor socialista: “O controverso comentário de José Saramago de há alguns anos de que o espírito de Auschwitz se reproduz em Israel faz hoje mais [sentido] do que nunca”. Acusar os judeus de Israel de praticarem genocídio como o de que foram vítimas é algo não apenas ridículo, mas extremamente ofensivo!

Se Israel quisesse “exterminar” os palestinos, teria condições de fazer isso amanhã. Ao contrário: faz de tudo para preservar as vidas inocentes, mesmo que sacrificando seus próprios soldados nesta missão. Enquanto os terroristas do Hamas, que não são sequer mencionados pelo sociólogo português, usam os próprios palestinos como escudo humano, os soldados israelenses tentam mitigar o número de perdas civis em seus ataques. Não acredito que o autor seja ignorante, o que me leva a deduzir que se trata de falta de caráter mesmo, de uma patologia antissemita que leva a tal estupidez. Ele conclui:

A criação do Estado judaico de Israel configura um crime continuado cujos abismos mais desumanos se revelam nos dias de hoje. Declarada a sua extinção, os cidadãos do mundo propõem a criação na Palestina de um Estado secular, plurinacional e intercultural, onde judeus e palestinos possam viver pacifica e dignamente. A dignidade do mundo está hoje hipotecada à dignidade da convivência entre palestinos e judeus.

Se foi algum tipo de piada, confesso não ter achado muita graça. Talvez Gregório Duvivier possa me ajudar na interpretação do humor negro do socialista, ou pedir para algum camarada do PSOL, que também gosta de queimar bandeiras de Israel em praça pública, explique como seria isso na prática.

Israel seria extinto como país, haveria um Estado da Palestina secular, laico (risos), plurinacional e intercultural, e judeus e palestinos viveriam em paz para sempre, com dignidade. A eleição colocaria o Hamas no poder, como já ocorre hoje na Faixa de Gaza. Mas isso é um detalhe bobo. Outro detalhe insignificante é o fato de que o próprio estatuto do Hamas prega a destruição de Israel e dos judeus. Mas não devemos nos ater aos aspectos pontuais.

Cabe, ainda, indagar se os “bem-pensantes” da esquerda acham que só Israel deve ser abolido por “crimes contra a humanidade”, ou se Cuba, China e Coreia do Norte fariam parte da lista também. O duplo padrão de julgamento moral dessa turma deixa transparecer toda a hipocrisia de sua afetação seletiva em defesa dos “direitos humanos”.

Pergunto-me: como pode alguém que defende algo tão abjeto ser idolatrado pela esquerda? Isso não diz muito sobre os próprios valores – ou falta de valores – morais dessa gente? O que estão defendendo, aberta e escancaradamente, com divulgação indecente ou mesmo criminosa da revista de Mino Carta, é o extermínio de milhões de judeus inocentes. É de embrulhar o estômago mesmo. E serve para demonstrar que títulos acadêmicos não garantem nada, pois uma vez canalha, sempre canalha…

Em tempo: já há um lugar onde judeus e não-judeus árabes convivem em paz, e esse lugar é… Israel! É justamente sob a democracia israelense que há tal convívio pacífico, garantido pelo estado de direito e o império das leis. Fora dali, o domínio fica com os terroristas islâmicos que desejam exterminar os judeus e a paz, o que Boaventura parece aplaudir de pé.

Rodrigo Constantino

Veja 27/98/2915/ Rua Judaica 

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