Artigo de Abraham Goldstein publicado no Diário da Manhã, de Goiânia
Desde o dia 7 de março, quando o deputado federal e pastor Marco Feliciano foi eleito para assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, inúmeras manifestações contrárias à sua eleição têm ocorrido diariamente, envolvendo ativistas, ONGs, políticos e inclusive artistas.
A polêmica sobre sua presença segue fortemente neste mês, justamente quando se celebra a “Semana Nacional de Memória e Direitos Humanos”, convocada pelo Núcleo de Preservação de Memória Política.
Os registros públicos de declarações ofensivas aos homossexuais e aos negros, por meio de redes sociais, além do fato de o parlamentar ser réu em uma ação penal por estelionato, colocam importantes questionamentos à sua escolha para o cargo. Como cidadão brasileiro, ele tem todo o direito e a responsabilidade de ter opiniões e expressá-las, assim como todo e qualquer cidadão de nosso país.
No entanto, ocupando um cargo público e agindo como pastor de seu rebanho, o deputado Marco Feliciano não deveria incitar o ódio e desrespeitar as diferenças, promovendo a discriminação.
O que nos perguntamos, com grande preocupação, é o fato de, neste episódio, interesses políticos terem prevalecido acima do próprio propósito da criação dessa Comissão. Há grande responsabilidade do fato nos ombros dos parlamentares que indicaram e votaram na indicação nomeação do deputado Marco Feliciano.
Mesmo sendo a situação considerada insustentável, estando na contramão de um pedido feito pela ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, para que o parlamentar ouvisse a sociedade e renunciasse, o deputado Marco Feliciano afirmou sua intenção de seguir no cargo, uma vez que sua escolha frente à comissão ter sido colegiada e acertada por meio de um acordo partidário.
Está aberta a discussão pela anulação da escolha do deputado Marco Feliciano como Presidente da Comissão de Direitos Humanos.
Abraham Goldstein é presidente da B’nai B’rith no Brasil, entidade dedicada à defesa dos Direitos Humanos, e fundadora do Instituto Shoah de Direitos Humanos, voltado à educação e cultura de paz
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