MORTE NO SUPERMERCADO

Em pleno Dia da Consciência Negra, acordamos com uma notícia indigesta: um homem negro, João Alberto Freitas, foi brutalmente espancado e assassinado por seguranças de uma rede de supermercados.

Segundo afirmaram testemunhas, ele havia causado certo tumulto no local. Mas aí perguntamos: não bastava que os seguranças o imobilizassem e depois chamassem a autoridade policial para resolver o caso? O que os levou, em maior número, mais preparados e equipados, a cometerem tamanha atrocidade causando, justa e obviamente, uma comoção nacional?

A quem cabe a responsabilidade por este inaceitável ato? Aos guardas particulares, aos gestores da empresa de segurança, que deveriam tê-los educado e orientado como agir diante de uma situação similar ou ao gerente da loja e às testemunhas do terrível episódio que nada fizeram?

Que sociedade estamos educando?

Quanta tolerância estamos admitindo e aceitando?

O inaceitável espancamento e morte do João Alberto é um ato que deve ser julgado, imediatamente, como uma agressão com objetivo de matar. Portanto, premeditado.

Pelo fato de considerar o ato de racismo contra os negros, centenas de pessoas se aglomeraram e até depredaram unidades da rede de supermercados, a qual afirmou que vai doar todo o resultado das vendas de um período à família do cidadão assassinado. Lamentamos dizer aos gestores da rede que nenhum ato comercial trará João Alberto à vida novamente.
Se o ato foi por preconceito e espancaram sem parar o cidadão João Alberto por ele ser negro, estamos então diante de um crime de racismo e cabe investigar o comportamento pregresso dos “guardas” assassinos.

Em pleno século XXI, após atrocidades cometidas e plenamente divulgadas no século XX, a ignorância do racismo, do antissemitismo e desses sentimentos abjetos que nada mais são do que o reflexo da ignorância e do psicológico sentimento de inferioridade de quem os pratica, ainda existem. E o pior: ceifa vidas inocentes.

Todo tipo de preconceito é execrável, inaceitável e intolerável. Devemos superá-lo com veemência e energia, a toda hora seja onde for. E isso é o que nossos líderes mundiais devem combater com todas as forças. Tanto eles, como todos nós, em nosso dia a dia. Será que nada aprendemos?

A B´nai B´rith atua, por meio da educação livre e democrática, contra esse mal da humanidade há muitos anos. Somos uma entidade com 177 anos de existência no mundo e 87 no Brasil, presente em mais de 50 países, na ONU, na OEA, tendo como pilares a Justiça Social (Tzedaká) e uma vida melhor para todos (Tikun Olam).

Atuamos em apoio aos Direitos Humanos, ao diálogo inter-religioso e cultura de paz para a construção da cidadania e pelo respeito à democracia, à liberdade e à diversidade entre os seres humanos. Sem nunca desconsiderar que os direitos são devidos se os deveres são cumpridos.

Que tanto o caso de João Alberto Freitas, como outros similares, esperemos que não fiquem impunes. E que não tenhamos, nunca mais, questões como essa. Preconceito, seja de que forma for, nunca mais! Não podemos permitir!! Façamos, cada um de nós, a nossa parte!

Abraham Goldstein
Presidente Nacional da B´nai B´rith do Brasil

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