Uma cerimônia em memória dos 11 integrantes da delegação israelense mortos em atentado terrorista nos Jogos Olímpicos de Munique, na Alemanha, em 1972, foi realizada no fim da tarde deste domingo (14), no Palácio da Cidade, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.
Durante o evento, organizado pela Prefeitura do Rio, pelo Comitê Olímpico de Israel e pelo Comitê Olímpico do Brasil, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, comentou sobre alguns episódios de intolerância religiosa e reações de antissemitismo que ocorreram durante a Olimpíada no Rio.
“Manifestações infelizes. Deploráveis. O fanatismo e a intolerância são péssimos ingredientes para que se chegue com eles a paz mundial, a convivência pacífica entre os povos, portanto, eu lamento que tenha acontecido. Nós repudiamos esse tipo de atitude”, disse Serra, referindo-se a casos como o de um atleta egípcio de judô que se recusou a apertar a mão do rival israelense.
A cerimônia reuniu familiares das vítimas, representantes da delegação israelense, do Comitê Olímpico Internacional e autoridades brasileiras. É a primeira vez que acontece, durante uma Olimpíada, um reconhecimento oficial em memória das vítimas do maior atentado terrorista já ocorrido em um evento esportivo.
Para Serra, essa é uma homenagem que representa um avanço para o lema dos Jogos Olímpicos que é a união entre os povos.
“Eu vejo como um avanço. Eu creio que o Comitê Olímpico Internacional se omitiu, de alguma forma, desde 1972. É a primeira vez que faz o reconhecimento, uma homenagem, algo dentro da própria Olimpíada e vejo isso com alegria. A homenagem a essas pessoas que foram assassinadas é um dever nosso. Foram assassinadas pelo fanatismo, foram assassinadas pelo terrorismo, e nós temos todos que nos perfilar homenageando-os porque isso significa chegar ao ponto mais essencial das Olimpíadas, que é a integração de todos os povos pacificamente com algo que sinaliza para um futuro melhor para toda humanidade”, declarou o ministro.
Durante a cerimônia, os participantes fizeram um minuto de silêncio e duas orações em homenagens às vítimas (kadish e el mare rahamin). A cantora israelense Varda Usiglio também participou da cerimônia cantando a música “Stars of September”.
Um dos momentos mais emocionantes do evento foi o acendimento de 11 velas que representavam os israelenses mortos no atentado. Entre as pessoas escolhidas para ascender as chamas estavam autoridades brasileiras e israelenses e integrantes da delegação de Israel nos Jogos Olímpicos do Rio, como Fernando Lottenberg, presidente da Confederação Israelense no Brasil; Yoram Arenstein, secretário de honra de Israel; e Paulo Maltz, presidente da Federação Israelense do Rio de Janeiro.
Viúvas de dois técnicos da delegação israelense que morreram em Munique também estiveram no evento, que exibiu no telão fotos das vítimas do atentado.
Ankie Spitzer, viúva do treinador de esgrima morto no atentado disse que o reconhecimento e a cerimônia são muito importantes para as famílias das vítimas.
“Se você esquece a história, você não tem futuro. Se você esquece a história, você poderá fazer a mesma coisa de novo. É extremamente importante porque nós sentimos que esses atletas pertencem a uma família olímpica internacional e eles não os reconheciam. Ninguém fazia questão de lembra-los, ninguém queria falar sobre isso. Depois de 44 anos nós pensamos que eles são membros de uma família olímpica e eles devem ser lembrados”.
O presidente do Comitê Olímpico de Israel, Igal Carmi, também destacou, durante o seu discurso, a importância do reconhecimento do Comitê Olímpico para o episódio nos Jogos de Munique.
O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzmann, ressaltou a importância da homenagem às vítimas do atentado para as novas gerações.
“Com esse trabalho nós vemos que todos somos iguais. Eles também nos lembram que no mundo nós queremos viver sem espaço para o ódio. Nós podemos construir uma batalha mundial pelos valores olímpicos. Um mundo de paz e solidariedade”, disse Nuzmann.
Cerimônia em homenagem aos atletas mortos ocorreu nos jardins do Palácio da Cidade, em Botafogo (Foto: Fernanda Rouvenat/G1)
O ataque
No dia 5 de setembro de 1972, oito palestinos do grupo “Setembro Negro” invadiram a área dos israelenses na Vila Olímpica. O resultado do atentado foi a morte de 11 atletas, cinco terroristas e um policial alemão. As imagens chocaram o mundo.
Dois atletas foram mortos logo na invasão. Os outros nove foram fuzilados depois que um acordo de fuga deu errado e os terroristas viram que era uma emboscada.
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