Filhos de Sobreviventes dão voz à trajetória de seus pais

Realizado em 17 de agosto no Centro de Pesquisa e Informação do SESC, o evento Vozes do Holocausto. Reuniu os autores Blima Lorber, Rosana Meiches, Claudia Block Gari, Katia G. Kohn e Szyja Ber Lorber.

Eles contaram suas experiências para redigir livros de memórias, narrando histórias de seus pais, sobreviventes do Holocausto ou refugiados do nazismo no Brasil.

Representando a equipe Arqshoah, Lais Rigatto Cardilo apresentou fragmentos de alguns vídeos com testemunhos de filhos de sobreviventes do Holocausto.

Os irmãos Blima e Szyja Lorber contaram sobre a vida de sua mãe Malka, que começou a escrever poemas aos 8 anos de idade e deixou extensa obra em ídiche e seu pai David Lorber Rolnik. “Meu pai foi um herói de verdade, de carne e osso”, dizem no início do livro: “As catorze vidas de David. O menino que tinha nome de rei”. Relataram, entre outros, que fizeram extenso levantamento de documentos, tendo voltado com David vinte e uma vezes à Chelm, shtetl onde nascera e “sentia-se em casa”, cuja maioria da população fora judia.

Rosana K. Meiches contou como escreveu sobre seu pai: “Nos Campos da Memória. A história de Kiwa Kozuchowicz. Prisioneiro 8153 Sobrevivente do Holocausto”. Aos 94 anos, ele estava presente.

Rosana relata no livro que Kiwa não aceitou se passar por filho de mãe católica para receber bolachas e chocolates da Cruz Vermelha, no campo de trabalhos forçados, pois, sua mãe havia falecido quando ele tinha três anos, e muito menos, aceitou falsificar sua identidade para ingressar no Brasil fazendo-se passar por católico, como muitos fizeram.

Katia G.Kohn, idealizadora do livro “O Fio Invisível da Felicidade”, relatou que sua mãe e avó embarcaram em um navio que saiu da Alemanha, mas naufragou. Ambas se salvaram, mas só foram se reencontrar mais tarde. No entanto, sua mãe não conseguiu vir para o Brasil, pois o país não aceitava judeus, indo para a Bolívia. “Muitos dos meus colegas na USP não tem esta informação”, destacou. Mais tarde, após se casar, ela chegou ao Brasil, enquanto seus dois irmãos foram para a Alemanha Oriental, movidos pelo ideal de construir um mundo mais justo. E se decepcionaram.

Claudia Almeida Bock de Gari em seu relato mostrou como decidiu escrever sobre a história de sua mãe no livro: “Prisioneira 75841”.

Histórias muito diferentes, mas tendo em comum o sofrimento trazido pela perseguição implacável do nazismo. A dor, a fome, a humilhação, a desumanização, a perda dos parentes mais próximos.

Reconstruíram suas vidas No Brasil. Aos filhos pouco contaram. Seja porque era difícil lembrar, como se fosse possível esquecer, ou porque precisavam sobreviver, começar de novo. Com algumas exceções, muitos só conheceram melhor a real dimensão da vivência dos pais durante o Holocausto por documentos, cartas, diários, fotos, pesquisas após perdê-los.

Foram debatidas também diversas questões, como o perigo das ditaduras, os genocídios da atualidade e a especificidade do Holocausto.

A Profa. Dra. Maria Luiza Tucci Carneiro, coordenadora do Arqshoah – LEER, da Universidade de São Paulo e do Projeto Vozes do Holocausto informou que estão sendo preparados 10 livros paradidáticos com relatos, pois nada disto faz parte dos livros de História adotados nas escolas.

Unibes, Conib e B’nai B’rith estão entre os patrocinadores do Projeto Vozes do Holocausto, que conta também com apoio de pessoas físicas. Todos podem contribuir.

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