Demétrio Magnoli fala sobre Irã e a segurança de Israel, na B’nai B’rith

O sociólogo Demétrio Magnoli manteve a atenção total do público do começo ao fim de sua palestra na B’nai B’rith, na terça-feira, 18 de agosto.

Na análise do tema: ”Irã em pauta”, foi muito além da questão do acordo nuclear.

66“O Irã não é uma tribo com bandeira, é um país complexo, com uma sociedade sofisticada”, destacou, explicando que atualmente há dois poderes: o da elite clerical e o do governo que representa também a oposição, fundada na classe média.

A elite clerical tem apoio na população rural e ganha força com o isolamento do país, por isso, o acordo nuclear com o fim das sanções e a integração do Irã na comunidade internacional é benéfico, inclusive para a comunidade judaica iraniana, na opinião de Magnoli. Os judeus do Irã só tem a ganhar com o acordo, caso contrário, uma guerra, um ataque deflagrado por Israel e o recrudescimento do radicalismo no país não trariam nada de bom para a comunidade judaica local e nem para o mundo.

Magnoli considera que o Congresso norte-americano deve aprovar o acordo nuclear. “Nunca houve um caso em que a política internacional do presidente fosse invalidada pelo Congresso”, constatou. E, segundo ele, se não houvesse acordo, restaria a Israel atacar as usinas do Irã, porque os EUA não parecem dispostos a fazê-lo neste momento.

Interessante, que em suas reflexões Magnoli vê a possibilidade de mudanças no Irã, com maior abertura a médio prazo. “Não se iludam, o Irã é uma ditadura, com problemas em relação às minorias, mas há sinais de mudança. A população saiu às ruas em comemoração ao acordo fechado com as potências ocidentais em julho, os jovens (nas baladas nas residências)ouvem as mesmas músicas, vêm os mesmos sites, que os de Nova Iorque; nos voos que chegam ao Irã, nota-se que as mulheres mudam suas roupas, trocando as ocidentais pelas tradicionais antes de desembarcar”.

O palestrante detalhou aspectos da história do país xiita, persa, rodeado por vizinhos sunitas, e também seu apoio ao Hezbolah e ao Hamás, até este se voltar à Irmandade Muçulmana quando assumiu o poder no Egito.

Falou também sobre Israel, fazendo um resumo de três fases acerca da segurança do país, a mais crítica, de 1948 a 1979, a intermediária, até 2010 e a atual, que considera a mais segura da história israelense.

A única ameaça é o Irã, por isso tanta ênfase na questão.

Mas há outra preocupação maior, o movimento BDS – – Boicotes, Desinvestimento e Sanções – contra Israel, que vem ganhando força no mundo inteiro e do qual tivemos um exemplo claro no caso da Universidade de Santa Maria, onde o vice-reitor de pós-graduação, a pedido de um grupo de organizações, inclusive palestinas, solicitou o nome de todos os israelense, alunos e professores e de projetos que fossem ligados a Israel, em um claro ato de discriminação.

O BDS é a moderna forma de antissemitismo, “é defendido por aqueles que querem acabar com Israel”, disse Magnoli. “Defender a solução de um estado binacional é acabar com Israel”. Magnoli fez um alerta: “Cada vez que um ministro israelense fala em reduzir os direitos dos árabes na Cisjordânia ajuda aqueles que acusam o país de apartheid.” E mais: “A sistemática negativa do governo de Israel em negociar com os palestinos, é a maior ameaça à segurança do país”.

Ao final da palestra, após muitas perguntas do público, Abraham Goldstein, presidente da B’nai B’rith do Brasil fez a entrega de uma Menorá a Demétrio em agradecimento. É o símbolo da entidade e o mais antigo do judaísmo, criado por Bezalel no deserto.

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Abraham Goldstein, presidente nacional da B’nai B’rith, Zeila Sliozbergas, Loja Anne Frank, Demétrio Magnoli, comentarista da Globo News e Edgar Lagus, vice-presidente da B’nai B’rith do Brasil (Região Centro-Sul).

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