Coleção reúne depoimentos inéditos de refugiados do nazismo

Trechos de matéria publicada pelo Jornal da USP.

As pesquisadoras do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER) da USP Maria Luiza Tucci Carneiro e Rachel Mizrahi coordenam a produção de uma coleção de dez volumes intitulada Vozes do Holocausto – Histórias de vida: Refugiados do nazifascismo e sobreviventes da Shoah (Brasil 1933-2017). A coleção, publicada pela editora Maayanot, trará mais de 300 testemunhos de vítimas remanescentes do nazismo e do Holocausto que se refugiaram no Brasil. Os dois primeiros volumes, com 27 testemunhos, foram lançados em dezembro de 2017 e os demais serão publicados nos próximos três anos. Além de depoimentos, o leitor poderá encontrar fotos e documentos pessoais dos sobreviventes do maior genocídio da história da humanidade, ocorrido no século XX.

O projeto teve início em 1988, após Maria Luiza ter publicado o livro O antissemitismo na Era Vargas – fantasmas de uma geração (1930-1945), quando passou a receber muitas cartas de refugiados judeus (ou de familiares) que haviam vindo para o Brasil. Naquele ano, começou a realizar entrevistas com as pessoas que a procuraram para dar testemunhos, porque se identificavam como personagens daquela história marcada pela intolerância. Uma dessas histórias, que impulsionou a realização da coleção, foi a do casal alemão Max e Mathilde Maier, que ajudou a salvar judeus até 1938, falsificando documentos para os judeus que tentavam fugir das perseguições antissemitas empreendidas pelo Terceiro Reich.

A coleção, publicada pela editora Maayanot, trará cerca de 300 testemunhos gravados em vídeo e áudio pela equipe Arqshoah, que, em 2017, atuou com 15 pesquisadores bolsistas, patrocinado s por empresários.

Em 2001, o número de entrevistados se amplia com o envolvimento de Rachel, que possuía um acervo considerável de entrevistas com judeus imigrantes do Oriente Médio. Segundo Maria Luiza, Rachel tinha em seu poder “um trabalho de história oral magnífico”. Considerando as experiências anteriores, decidiram criar um arquivo virtual sobre o Holocausto e antissemitismo, disponibilizando-o para consulta pública, ao mesmo tempo em que iam reconstituindo outras trajetórias de vida. Foi esse trabalho que originou o Arquivo Virtual sobre Holocausto e Antissemitismo (Arqshoah), coordenado por Maria Luiza e considerado o “embrião das pesquisas” para a concepção da coleção.

Maria Luiza enfatiza que a coleção serve como uma fonte de informações inéditas para a reconstituição do legado cultural herdado dos refugiados e dos sobreviventes do Holocausto radicados no Brasil, assim como para a história da política brasileira.

Os dois primeiros volumes da coleção Vozes do Holocausto – Histórias de vida: Refugiados do nazifascismo e sobreviventes da Shoah (Brasil 1933-2017) podem ser adquiridos no site da editora Maayanot.

Mais informações, contato@maayanot.com.br.


Foto: Acervo Nacional / RJ e Arqshoah-LEER / USP


A coleção está sendo produzida por uma equipe coordenada pelas pesquisadoras
Maria Luiza Tucci Carneiro (foto e Rachel Mizrahi – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens

jornal.usp.br

Jornal da USP – Vinicius Crevilari

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