Foi em 09 de Av de 586 AC (Antes da Era Cristã) que os babilônios destruíram o Templo Sagrado de Jerusalém, na época do Rei Salomão. Quando todo o povo judeu foi levado como escravos para a Babilônia surgiram as sinagogas.
A data marca também a destruição do Segundo Templo, erguido em 70 DC e a dispersão de nosso ovo pelos romanos, criando uma diáspora que de certa forma, persiste até a atualidade. O dia 17 de Tamuz (11 de julho de 2017) lembra a primeira brecha que os romanos conseguiram fazer nas muralhas de Jerusalém. É destinado ao luto, jejum e introspecção. É quando começam as três semanas, do cerco a Jerusalém, culminando em 09 de Av, com a destruição do Segundo Templo.
O que resta hoje é o Muro das Lamentações, ou Muro Ocidental, no Monte do Templo, o local mais sagrado para o judaísmo. Jerusalém é lembrada nas preces judaicas, cantada em prosa e verso por todas as gerações que se seguiram.
Os períodos de tristeza se sucedem na história de nosso povo em torno dessa data, como a queda de Betar, durante a rebelião de Bar Kochba em 35 DC, um foco de resistência judaica, a batalha final entre Roma e Jerusalém. Mais tarde, em 1942, temos a expulsão dos judeus da Espanha, gerando uma nova dispersão.
É interessante pesquisar para ver como a história judaica é marcada por trágicos eventos nessa data, tornando o mês de Av um período de luto, que culmina no dia 09 de Av.
O Israel Report menciona a nossa favorita, a historia das doze tribos, dos representantes de cada uma que Moises enviou à Canaã para ver como eram seus habitantes e se era realmente uma terra fértil. Dos 12, somente dois (Josué e Caleb) trouxeram um relato positivo e o povo teve medo. Deus então, em castigo por terem duvidado de Sua palavra, após presenciarem os milagres no Egito, ordenou que vagassem por 40 anos no deserto e que apenas os da geração de Caleb e Josué ingressassem na terra de leite e mel, onde haviam vivido Abrão, Issac e Jacó.“Am Israel Chai”.
Elie Wiesel disse certa vez que “o Eterno gosta dos judeus por eles saberem contar boas historias”. A História judaica é uma GRANDE HISTÓRIA. Mostra a nossa convivência no decorrer dos anos e séculos e nossa capacidade de enfrentar os desafios.
Acabo de ler o mais recente ensaio de Amós Oz “Mais de uma luz”, onde o autor afirma que todo ser humano de alguma forma é fanático por uma causa. E chega à conclusão de que judaísmo é uma Cultura de questionamentos. Vale a leitura.
A palavra Shalom neste contexto representa a diversidade. Alô ou até logo, bem vindo e dai por diante, uma afirmação mundial de diversidade. E, mais do que tudo, significa Paz.
Nós judeus afirmamos assim a nossa existência, o nosso apelo à paz, e nossa eterna esperança, diante dos desafios tanto globais, como os com que cada um se defronta.
Assim seja, em Shalom,
Ernesto Strauss – Diretor Cultural da B’nai B’rith do Brasil
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