“Artigo no The New York Times revela: Dani Dayan é um pacifista racional”

Dani Dayan foi indicado pelo governo israelense novo embaixador do país no Brasil. A presidente Dilma Roussef manifestou seu incômodo com a designação de Dayan, colono, que liderou o Conselho Yesha, que representa as comunidades judaicas da Cisjordania. A vice-ministra de Relações Exteriores de Israel, Tzipi Hotovely, defendeu a nomeação de Dani Dayan como embaixador no Brasil, por sua ideologia alinhar-se com a postura do atual governo israelense.

Em artigo publicado no The New York Times, em 8 de junho de 2014, com o título: “Não-reconcliliação pacífica agora”, Dayan, que não concorda com o estabelecimento de um Estado Palestino, expõem algumas de suas ideias. Veja alguns trechos:

“O fracassado esforço de paz de John Kerry no Oriente Médio…”

“Mas nós, os colonos, não somos motivados – com exceção de elementos marginais – por fanatismo, ódio ou racismo”.

“Existem questões práticas que podem e devem ser resolvidas. Em primeiro lugar, os palestinos merecem melhorias drásticas e imediatas em suas vidas cotidianas. Obviamente, esta não é a sua principal aspiração, mas, ao contrário de outras, é imediatamente viável. Os palestinos precisam voltar para cidades israelenses, e não apenas como trabalhadores de colarinho azul. Acadêmicos palestinos devem ser incluídos nas indústrias avançadas de Israel: Um engenheiro de Ramallah deve ser capaz de trabalhar em Tel Aviv, e um médico palestino tratando de pacientes em um hospital israelense não deve ser uma visão rara.

“Barreiras, postos de controle e restrições militares à circulação devem acabar e todos os judeus e palestinos devem ser autorizados a circular livremente”.

“Os israelenses precisam deixar de lado o trauma da Segunda Intifada que os aterrorizou entre 2000 e 2005. Eles não podem continuar a viver sob assédio psicológico, impondo extensas e pesadas restrições aos palestinos por causa de atos abomináveis de terror perpetrados há uma década”.

“Finalmente, Israel, em conjunto com a comunidade internacional, deve tomar medidas para melhorar a infraestrutura de água, esgoto, transporte, educação e saúde, com o objetivo de estreitar as enormes lacunas entre as sociedades israelense e palestina”.

“Isto também significa a completa reabilitação de campos de refugiados na Cisjordânia. É inaceitável que a quinta geração de refugiados palestinos continue a viver em extrema pobreza, o que leva à frustração e à violência. Residentes do campo devem ser providos de habitação adequada, emprego, serviços de saúde e educação”.

“Deve ficar claro: Este não é um plano de paz permanente, mas sim um projeto para uma não-reconciliação pacífica”.

Folha Online/Rua Judaica

Leia a integra em: www.bnai-brith.org.br

 

The New York Times

“Não reconciliação pacífica agora”

por Dani Dayan

MAALE SHOMRON, Cisjordânia – O fracassado esforço de paz de John Kerry no Oriente Médio deixou claro que um acordo político negociado é impossível no momento. A fórmula de dois Estados desfrutou de décadas de estrelato exclusivo enquanto seu apelo frustrou todo pensamento inovador e alternativo.

Os funcionários do governo em Washington, Bruxelas e outras capitais parecem não ter idéia de como proceder ou estão se agarrando desesperadamente uma ideia passada.

Mas desespero não é uma política aceitável. Existem questões práticas que podem e devem ser resolvidas. Em primeiro lugar, os palestinos merecem melhorias drásticas e imediatas em suas vidas cotidianas. Obviamente, esta não é a sua principal aspiração, mas, ao contrário de outras, é imediatamente viável. Estamos envolvidos em um conflito amargo nacional com os palestinos. Mas nós, os colonos, não somos motivados – com exceção de elementos marginais – por fanatismo, ódio ou racismo.

Israel deve iniciar um plano ambicioso e corajoso para melhorar todos os aspectos da vida cotidiana dos palestinos na Judeia e na Samária – comumente referidas como a Cisjordânia nestas páginas. Os israelenses precisam deixar de lado o trauma da Segunda Intifada que os aterrorizou entre 2000 e 2005. Eles não podem continuar a viver sob assédio psicológico, impondo extensas e pesadas restrições aos palestinos por causa de atos abomináveis de terror perpetrados há uma década.

A barreira de segurança que separa a Judeia e a Samária do resto de Israel deve finalmente ser desmantelada e os palestinos devem desfrutar de total liberdade de movimento, sendo capazes de retornar ao mercado de trabalho israelense. Não há nenhuma razão para que Israel importe milhares de trabalhadores estrangeiros enquanto tantos palestinos entre nós lutam para ganhar a vida. Os palestinos precisam voltar para cidades israelenses, e não apenas como trabalhadores de colarinho azul. Acadêmicos palestinos devem ser incluídos nas indústrias avançadas de Israel: Um engenheiro de Ramallah deve ser capaz de trabalhar em Tel Aviv, e um médico palestino tratando de pacientes em um hospital israelense não deve ser uma visão rara.

Barreiras, postos de controle e restrições militares à circulação devem acabar e todos os judeus e palestinos devem ser autorizados a circular livremente. Os palestinos devem ser autorizados a entrar plenamente em cidades judaicas na Judeia e na Samária e atravessar a Linha Verde, e vice-versa. Os portões da barreira de segurança podem ser abertos regularmente numa fase preliminar antes de serem completamente desmantelados e removidos. Forças de segurança palestinas devem continuar realizando as mesmas tarefas de hoje. E, na ausência de postos de controle, o Exército israelense terá que ser mais ativo do que é agora. Se a violência irromper, este processo incremental seria interrompido ou revertido.

Israel também deve assegurar que os palestinos tenham acesso rápido e conveniente aos aeroportos internacionais de Israel e da Jordânia, além de remover a maioria dos obstáculos que atrasam atualmente as importações e exportações palestinas que entram e saem da Cisjordânia.

Não é do interesse de Israel enfraquecer ou dissolver a Autoridade Palestina ou perturbar o dia a dia dos palestinos. Isso significa acabar com os atrasos na transferência de pagamentos de impostos à AP e se esforçar para promover o seu funcionamento eficiente.

Além disso, a administração civil encarregada de contato entre israelenses e palestinos não deve continuar a ser controlada por militares israelenses, mas sim por civis que servem à população civil palestina de forma eficiente e cortês. Um palestino de 50 anos não deve ter que lidar com soldados e oficiais com metade de sua idade.

Os palestinos também devem ser incluídos como membros plenos dos comitês civis de planejamento e construção responsáveis pela construção em cidades árabes. E os magistrados palestinos devem ser incluídos nos tribunais que decidem sobre disputas civis, incluindo as que envolvem terras. A lei que se aplica a um palestino de 16 anos que é detido atirando pedras deve ser a mesma aplicada a um judeu de 16 anos pego atirando pedras, ou qualquer outro jovem de 16 anos de qualquer etnia que cometer o mesmo delito dentro da Linha Verde. Não há justificação moral ou prática para uma política legal diferente para palestinos e israelenses.

Finalmente, Israel, em conjunto com a comunidade internacional, deve tomar medidas para melhorar a infraestrutura de água, esgoto, transporte, educação e saúde, com o objetivo de estreitar as enormes lacunas entre as sociedades israelense e palestina.

Isto também significa a completa reabilitação de campos de refugiados na Cisjordânia. É inaceitável que a quinta geração de refugiados palestinos continue a viver em extrema pobreza, o que leva à frustração e à violência. Residentes do campo devem ser providos de habitação adequada, emprego, serviços de saúde e educação.

Deve haver tolerância zero para a violência de ambos os lados. Assim como o exército israelense permanecerá para garantir a segurança, os chamados ataques “Price Tag” perpetrados por israelenses contra palestinos e suas propriedades – no que eles consideram um “preço” a pagar pelo que acreditam ser políticas anti-assentamentos – deve ser estancados de uma vez por todas.

A disputa territorial árabe-israelense é um jogo de soma zero, mas as considerações humanas não são. Não ganhamos nada com a humilhação ou a pobreza dos palestino. Melhorar a qualidade de vida dos palestinos não conflitua com outros propostos endgames, como anexação da Judeia e da Samária ou a fórmula de dois Estados. Nem as questões do status final serão alteraras: Os palestinos continuarão a votar nas eleições da Autoridade Palestina e os israelenses, nas eleições de Israel.

Deve ficar claro: Este não é um plano de paz permanente, mas sim um projeto para uma não-reconciliação pacífica.

Dani Dayan é ex-presidente do Conselho Yesha das comunidades judaicas na Judeia e na Samária.

Publicado na página de Opinião do The New York Times no dia 8 de junho de 2014Artigo no New York Times revela: Dani Dayan é um pacifista racional

 

 

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