20 anos após o atentado da AMIA, ainda sem justiça à vista

20 anos após o atentado da AMIA, ainda sem justiça à vista   A B’nai B’rith destaca o 20º. aniversário do ataque à bomba ao edifício do centro judaico em Buenos Aires, AMIA – Associação Mutual israelita-Argentina. Em um atentado terrorista que tem sido claramente vinculado ao Irã durante as duas últimas décadas, 85 pessoas foram mortas na explosão, enquanto 300 ficaram feridas. Ainda mais desanimador, após 20 anos daquele fatídico dia de julho, não estamos mais perto de justiça para as vítimas.

Nas décadas seguintes ao pior ataque terrorista da história da América do Sul, a busca da verdade e punição tem sido desigual.

Em 2005 e 2006 — depois de anos de falhas em rastrear os terroristas e seus mentores, o então presidente Néstor Kirchner emitiu um decreto aceitando parte de culpa do Estado pela inação desastrosa e incompetente no inquérito sobre o atentado. O promotor argentino Alberto Nisman foi encarregado de rever as provas, detalhando como principais responsáveis pelo ataque líderes iranianos incluindo Hashemi Rafsanjani, presidente do Irã, na época e Ahmad Vahidi, atual ministro da Defesa do Irã, que ordenaram ao Hezbollah a morte de judeus em Buenos Aires. A Interpol emitiu ordem de prisão para cinco iranianos e um libanês.

Apesar disto, não aconteceu nada. O próprio Nisman foi barrado pelo governo argentino de viajar para os Estados Unidos e depor perante o Congresso sobre a investigação.

“O fato de que demorou mais de uma década para ordenar uma investigação adequada sobre o ataque é absolutamente vergonhoso”, disse Allan Jacobs, presidente da B’nai Brith Internacional. “O mais vergonhoso é que após se mostrar disposta a fazer as coisas de modo correto e ir atrás dos responsáveis, a Argentina deixou a investigação de Nisman definhar.”

Em um desenvolvimento inesperado em janeiro de 2013, Irã e Argentina assinaram um “memorando de entendimento”, criando um grupo supostamente “independente” para investigar o atentado de 1994. Isto apesar da crença amplamente difundida de que o Irã — maior estado patrocinador do terror no mundo — e vários de seus líderes estarem por trás do ataque da AMIA. É incrível que alguém acredite que o Irã tenha qualquer inclinação para ser um parceiro confiável na busca de Justiça, especialmente com o disposto no acordo, de que os suspeitos só podem ser interrogados por oficiais argentinos em Teerã. Este é o tipo de condição que torna difícil ver como algo verdadeiro poderá sair desta Comissão.

“Desde o início, o memorando de entendimento foi um ardil iraniano, o que deveria ter sido óbvio,” disse Dan Mariaschin, vice-presidente executivo da B’nai B’rith Internacional. “O Irã procurou dar a impressão de que os dois governos foram tomando a ação, quando na verdade, levou o caso fora do cenário. Agora, 17 meses depois, não estamos surpresos em não ver absolutamente nada disso. Pensar que o Irã teve a intenção de oferecer seus próprios agentes para serem interrogado por um oficial de Justiça argentino é desafia a credulidade.”

Não obstante o “memorando de entendimento”, pode ser derrubado por um tribunal federal argentino, considerando-o inconstitucional. O governo pode apelar desta decisão até ao Supremo Tribunal Federal da Argentina.

Há 20 anos, a B’nai B’rith com seus laços profundos em toda a América Latina e com sua preocupação com a crescente influência iraniana neste hemisfério, tem pressionado para que o caso da AMIA seja levado à justiça. Ao mesmo tempo, se compromete a nunca esquecer as vítimas e suas famílias e a lutar para a prisão dos agressores.

 

 

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